15 de julho de 2009

"DESDE A SAÍDA DA ORDEM."

Pelo cálculo retroactivo desde o dia da morte de Jesus (26/27 de Abril de 31 A.D. - “meio da septuagésima semana”), chega-se a 28/29 de Outubro de 457 A.C., data que representa o Dia da Expiação naquele ano e o início dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9. Todavia, se Esdras partiu de Babilónia no primeiro dia do primeiro mês (isto é, na primavera do ano), em virtude do decreto de Artaxerxes, e se ele chegou a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês (isto é, no verão), por que razão o cômputo profético só teria se iniciado no Dia da Expiação (isto é, no Outono do ano), sendo que Daniel 9:25 claramente estabelece que as 70 semanas deveriam começar com “a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”?
O grande problema é que a maioria dos autores têm associado a “ordem” de que trata Daniel 9:25 apenas ao decreto de Artaxerxes, sendo que, na verdade, o assunto precisa ser analisado de um ponto de vista mais amplo. Antes de mais nada, é importante perceber que a “ordem” de Daniel 9:25 parte primeiramente de Deus. É o próprio Deus Quem, acima dos governantes humanos, decreta a reconstrução da cidade. Em Daniel 9:23, a palavra “ordem” é aplicada a uma manifestação da vontade de Deus; e Esdras 6:14 claramente atribui a reconstrução do Templo a um mandado divino.
Mas isso ainda não permite iniciar a contagem dos períodos proféticos, pois é preciso que um governante humano atenda à vontade do Céu e baixe um decreto. Em outras palavras, é necessário que a “ordem” vinda do Céu encontre um decreto humano correspondente que lhe dê efectividade. Em Isaías 45:13, está escrito: “Eu, na Minha justiça, suscitei a Ciro e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a Minha cidade e libertará os Meus exilados, não por preço nem por presentes, diz o SENHOR dos Exércitos.”. O decreto de Ciro traz as seguintes palavras: “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de Lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá.” Esdras 1:2. Ver também 2 Crónicas 36:22 e 23. O decreto de Ciro (538/537 A.C.), permitindo que Zorobabel voltasse a Jerusalém, foi baixado por vontade directa de Deus. Percebe-se aí uma ordem divina somada a um decreto humano. Depois disso, aparece o decreto de Dario I Histaspes, cujo objectivo foi o de confirmar o mandado de Ciro (Esdras 6). Mas, a “ordem” a que Daniel 9:25 se refere só vem a se completar com o decreto de Artaxerxes I, que não somente permitiu que os muros de Jerusalém fossem reconstruídos (Esdras 9:9) como também concedeu certa autonomia política aos judeus (Esdras 7:25 e 26).
Sendo assim, quando, de fato, ocorreu a “saída da ordem”? Essa expressão, quando relacionada a um decreto, só pode se referir ao momento em que este é assinado ou expedido. Quando foi expedida a “ordem” de Daniel 9:25? Bem, quando Deus levantou a Ciro com o propósito de libertar os cativos judeus, houve uma “saída da ordem”, mas esta ainda não estava completa, impedindo que os períodos proféticos pudessem começar. Depois disso, veio o decreto de Dario, o qual apenas confirmou as estipulações do decreto anterior. Em seguida, foi emitido o decreto de Artaxerxes, com o qual a “ordem” se completou. Mesmo assim, a contagem ainda não poderia ter início. Mas, por que não? Porque a “saída da ordem” é apenas um requisito para o início dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9. Não basta que apenas esse requisito seja cumprido. Aparentemente, a Bíblia indica apenas a “saída da ordem” para o início do cálculo profético. Mas, quando a passagem de Daniel 8:14, que fala da purificação do santuário, é levada em consideração, percebe-se que os períodos proféticos só poderiam começar num Dia da Expiação. Esse é o segundo requisito. É verdade que ele não é tão ostensivo quanto o primeiro, só podendo ser percebido através do cálculo astronómico mas, ainda assim, é uma condição para o início das 70 semanas e das 2.300 tardes e manhãs.
Reunindo as informações de Daniel 9:25 e Daniel 8:14, entende-se que os períodos proféticos só poderiam começar no Dia da Expiação, depois que a “ordem”, em sua forma completa, fosse promulgada. Quando saiu o decreto de Artaxerxes? Em algum ponto anterior a primeiro de Nisan em de 457 A.C. Quando começaram as 2.300 tardes e manhãs? No primeiro Dia da Expiação após aquele decreto. Isso foi em 29 de Outubro de 457 A.C Assim, para uma compreensão mais abrangente do assunto, é importante que o leitor não fixe seus olhos apenas na palavra “saída” de Daniel 9:25; deve ele notar a existência de um outro requisito que também precisa ser preenchido para o início da contagem dos períodos proféticos: o Dia da Expiação.

2 comentários:

Unknown disse...

Só tem problema no ano 31 nao existe um 14 de Nissan que cai en uma sexta feira.

João Pereira de Oliveira disse...

No ano 31 D.C há 15 de Nissan que cai numa sexta feira, dia da preparação. No período que Poncio Pilatos governou 26-36 D.C o ano 31D.C é o único que em que 15 de Nissan cai numa sexta cumprindo fielmente a profecia das 70 semanas ( ou melhor dizendo 69,5 semanas conforme Daniel ). A Páscoa era celebrada no dia 15, pois após o por do sol do dia 14 que caiu numa quinta feira, já era o dia 15 de Nissan(sexta feira, pois o início dos dias se contavam a partir do por do sol). Nesta sexta feira a noite após o por do sol (15) Jesus institui a Santa Ceia. Na madrugada Jesus é julgado e condenado (dia 15 sexta) e as 9 horas da manha (horário do sacrifício da manha dos animais do ritual do santuário) é pregado na cruz. As 15h, exatamente no horário do sacrifício da tarde de animais, Jesus expira. Em exodo 12:8 (quando Israel saiu do Egito e fizeram a primeira Páscoa) diz que eles comeram o cordeiro pascal a 'noite', após o por do sol do dia 14, por isso já era dia 15. O anjo da morte passou meia noite (exodo 12:29) para ferir os primogenitos dos egípcios