2 de fevereiro de 2010

O ESCRITOR E O AUTOR DO APOCALIPSE. SABE QUEM SÃO?

Olá amigos, tudo bem? Leram o tema anterior (CLIQUE)? Começaremos pelo escritor João. Ele não é um personagem mítico que se tenha valido do seu prestígio para escrever o nosso Apocalipse. Foi um homem de carne e osso que viveu na história dos homens. Alguém que “viu” (Ap. 1:2), tal como nós, por isso foi testemunha de factos. Apresenta-se “vosso irmão” (Ap. 1:9), partilha da mesma condição de sofrimento que qualquer ser humano. João, do hebraico yohanan (graça de YHWH), é o mesmo que escreveu o Evangelho de João. É importante reparar nos dois livros Apocalipse e Evangelho de S. João no grande números de semelhanças a) são os dois livros do Novo Testamento que se referem ao logos (João 1:1; cf. Apocalipse 19:13). Os dois empregam as imagens (cordeiro e água da vida), a mesma forma de linguagem (“verdade”, “certo”, “vencer”, “guardar os mandamentos”, “testemunho”, etc.), a mesma forma contrastante de se exprimir (o bem absoluto e o mal absoluto), o mesmo interesse litúrgico, etc.
O Autor: O Apocalipse tem as suas raízes na palavra profética no Deus do Antigo Testamento: “da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono.” (Ap. 1:4). Esta frase lembra a definição que o Deus do Êxodo pronunciou sobre Ele mesmo quando se revelou a Moisés: “EU SOU O QUE SOU.” (Ex. 3:14). O Deus de Israel apresenta-Se como Aquele que não se pode limitar a uma simples e qualquer definição teológica, o verdadeiro Deus, o Deus que existe de verdade “Aquele que é”. O Deus que está aqui na nossa vida. É o “PRESENTE” em todas as eras, situações e em qualquer lugar. É tão presente hoje como o era outrora. Esta é a lição contida no segundo verbo “aquele que era”. É aqui o Deus das memórias, o Deus das raízes, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacob. Ora, João diz, que este Deus que “é” presente e que “era” também passado vai “ser” também futuro. Curiosamente, em vez de empregar o verbo ser, quando fala do Deus do futuro, João muda a forma do verbo. O verbo ser (no passado e no presente), passa para a forma verbal no futuro. Ou seja, Deus existe em Si mesmo. Ele existiu e existe com e para nós, mas na realidade Ele permaneceu no inicio da história. Mas mais do que o Deus das raízes, da tradição bíblica, da memória, mais que o Deus da existência, da esperança espiritual e da relação quotidiana, Deus é o Deus que virá.
Enfim, a pena que escreve o Apocalipse apoia-se no calor e na intimidade quando menciona “e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogénito dos mortos e o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” (Ap. 1:5,6). Esta é a parte que chama a nossa atenção. Este último título é o mais longo de todos. Ele comporta três atributos “a fiel testemunha”, “o primogénito dos mortos” e “o Príncipe dos reis da terra”, estes atributos manifestam-se sucessivamente através de três acções descritas no seguimento do texto “Aquele que nos ama”, “nos libertou” e “nos fez reino”.
A forma de descrever os títulos de Jesus Cristo cobre de facto as três grandes etapas da Sua operação de salvação:
1) A Sua incarnação que O tornou testemunha de Deus;
2) A Sua morte que nos salva e a Sua ressurreição que é o preço/garantia da nossa ressurreição; e enfim;
3) A Sua realeza que garante a nossa cidadania no Seu reino.
O apóstolo Paulo, no contexto da sua reflexão sobre a ressurreição, descreve o mesmo itinerário em três etapas, articuladas sobre o mesmo tema:
a) “Mas na realidade Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem (...) b) Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, (...) c) Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés.” (1ª Cor. 15:20-25).
O mesmo desenvolvimento é apresentado pelo apóstolo Pedro no discurso no dia de Pencostes (Act. 2:22-25; cf. Actos 7:56).
É pois o plano da salvação tal como era compreendido pelos primeiros cristãos que o Apocalipse apresenta o prelúdio da profecia. O Deus que virá não é outro senão Jesus Cristo. Esta pausa sobre a Sua pessoa impunha-se. A profecia não se relaciona unicamente com a boa nova da nossa libertação e da felicidade eterna. Não se trata unicamente do evento esperado, é também e sobretudo uma Pessoa bem definida, que se ama, que se conhece, e que nos conhece e nos ama; e isto torna a espera muito mais segura e mais intensa.
A primeira profecia do livro do Apocalipse concerne justamente a Sua vinda. Jesus é visto da mesma maneira que Daniel tinha visto o Filho do homem “nas nuvens” (Apoc. 1:7; cf. Dan. 7:13).
Você quer ver o Autor deste livro voltar em glória e majestade? Quer ver Jesus como seu Senhor? Então, conheça-O e ame-O. Bênçãos sejam derramadas do Céu sobre si. Amem!

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