A TERCEIRA IGREJA DO APOCALIPSE

Éfeso

A trinta quilómetros de Semirna situava-se a cidade de Pérgamo. Cidade maravilhosa sobre a colina, era bem apropriado o nome: Pérgamo, que significa “fortaleza” ou “elevação”. Estava fora das grandes vias do comércio, mas nem por isso era considerada inferior a qualquer cidade importante da Ásia. O geógrafo grego Estrabão (58 a.C. a 25 d.C.), chama-lhe a “cidade ilustre”, e o historiador romano Plinio (23-79 depois de Cristo) considera-a como “a cidade mais famosa de Ásia”.

A MENSAGEM PARA A IGREJA EM PÉRGAMO

“12 Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes:

13 Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.

14 entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem.

15 Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas.

16 Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.

17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe. “ Apocalipse 2:12-17

1. Qual é a forma de Jesus se dirigir ao “anjo da igreja em Pérgamo e o que quer dizer “espada aguda de dois gumes?

Rª: “Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes.” Ap. 2:12.

Nota explicativa: Deixaremos de propósito a explicação “ao anjo da igreja” para quando tratarmos a primeira igreja do Apocalipse: “a espada aguda de dois gumes”, trata-se de uma descrição, tal como as que introduzem as mensagem às igrejas proveniente do Cristo glorificado do cap. 1:16. Nota-se no entanto que a mensagem é mais severa do que a que foi dirigida a Tiatira, ainda que no fundamental; é semelhante. A mensagem é severa em virtude da doutrinas erróneas que foram introduzidas tanto em Pérgamo como em Tiatira, doutrinas contrárias à Palavra de Deus (Heb. 4:12)

2. Porque razão são tão vigorosas as palavras do v. 13?

Rª: “Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.” Ap. 2:13.

Busto de Domiciano como imperador
com a coroa cívica. Museu do Louvre, (Paris)

Nota explicativa: a) “o trono de Satanás”, Pérgamos tornou-se reconhecida por ser a primeira cidade a render em vida culto a um imperador. Edificou um templo e este foi dedicado à adoração da deusa Roma (personifição do espírito do império) e ao imperador Augusto. Nos dias em que Joao escreveu estas palavras aos cristãos estes sofriam intensas perseguições por negarem cultuar o imperador Domiciano (81-96 d.C. Tito Flávio Domiciano), este insistia em ser adorado como “senhor e deus”. Pérgamo era também a capital religiosa da Ásia Menor, o centro das religiões mistério, e tinha muitos templos pagãos. A designação como o lugar “onde está o trono de Satanás” é inquestionavelmente apropropriado; b) o perído da história da igreja que corresponte a Pérgamos, pode ser considerado o que começa com o tempo em que Constantino favoreceu a igreja, ano 313 d.C., ou por altura da aparente conversão em 233, e termina em 538 d.C., c) durante este período foi a consolidação do papado, assumindo o poder “cabeça religiosa” e política da Europa ocidental. Satanás estabeleceu o seu “trono” dentro da igreja cristã com uma
combinação de paganismo e cristianismo. Este período é bem conhecido como o da popularidade em detrimento da Verdade.

Nota: Devemos acrescentar uma nota com a seguinte frase: “mesmo nos dias de Antipas”. Antipas não passa de um nome vulgar em grego, composto pelas palavras: “anti”, “em lugar de”, e “pas”, forma abreviada de patêr, “pai” (cf. Lucas 3:1; 24:18; ver Josefo, Antiguidades XIV, 1,3). Este nome reflectia a esperança de um pai de que o filho seria o seu substituto no mundo. Alguns cristãos defendem a tese que um cristão de nome Antipas tinha sido martirizado algum tempo antes em Pérgamo, talvez, por rejeitar a adoração ao imperador. Se assim foi, o caso e exemplo desse fiel mátir pode considerar-se como um simbolo dos incontáveis milhares que sofreram a morte por causa da fé ao longo dos séculos.

3. Porque razão esta igreja é comparada com Balaão?

Rª: “Entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem.” Apoc. 2:14.

Nota explicativa: (ver Núm. 22-24). A analogia com Balaão sugere que a igreja de Pérgamo tinha membros cujo o propósito era dividir e arruinar a igreja fomentando práticas que eram proibidas aos cristãos. Balaão fomenou os seus interesses pessoais, não os do povo de Deus. O texto acaba por revelar o que provocava a ruína dentro da igreja; a) “tropeços” “skándalon”, o dispositivo que activa a ratoeiro, ou seja, “colocar tropeços” diante de uma pessoa para que caia (ver Mat. 5:19); b) “comer” e a “prostituição” foram práticas proibidas expressamente pelo concílio de Jerusalém (ver Actos 15:29; Rom. 14:1; 1ª Cor. 8:1). Balaão influenciou os filhos de Israel a prostituirem-se “com as filhas de Moabe”, a sacrificar aos deus moabitas e a com eles comerem, seguramente, a carne sacrificada a esses deuses (Núm. 25:1-2; 31:16). É impressionante como a Igreja Cristã desde o alvorecer dos tempos cai na permissividade e deslealdade a Jesus como Senhor! Como será no fim do tempo?

4. Que admoestação e apelo é feito nos versos 15 e 16?

Rª: “Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas. Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.” Vs. 15,16.

Nota explicativa: Os “nicolaítas” foram uma seita herética que atormentou as igrejas de Éfeso e Pérgamo e certamente outras. Ireneu identifica os nicolaítas com uma seita gnóstica, eis algumas das suas palavras: “João o discípulo do Senhor, prega esta fé (a divindade de Cristo), e mediante a proclamação do Evangelho procura ajudar a erradicar aquele erro que foi disseminado entre os homens de Cerinto, e muito tempo antes pelos chamados nicolaítas…” (Contra herejias iii. 11, I). há também evidéncias históricas de que mais ou menos um século depois houve uma seita gnóstica chamada os nicolaítas. Ireneu e Hipólito identificam o fundador desta seita como sendo um dos sete diáconos (Actos 6:5). “Arrepende-te”, este penetrante apelo reflecte o grave perigo espiritual no qual estava a igreja de Pérgamo.

5. Qual é a promessa feita aos que perseveram na fidelidade?

Rª: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.” Apoc. 2:17.

Nota explicativa: Salientemos duas promessas; “pedra branca” e “novo nome”. Relativavamente à primeira pensa-se num costume antigo de que entre os membros de um juramento usava-se uma pedra branca e outra negra para absolver ou para condenar. Tudo o que se pode dizer é que João se está a referir a uma cerimónia que implicava conferir um presente ou conceder uma honra especial; “novo nome”, na Bíblia o nome de uma pessoa frequentemente representa o carácter, e um novo nome indicaria um novo carácter. O nome novo não é o molde do antigo, mas sim, substitui, é diferente. É prometido ao cristão um “novo nome”, ou seja, um carácter novo e diferente, modelado segundo o carácter de Deus (cf. Is. 62:2; 65:15; Apoc. 3:12).

Conclusão: O novo nascimento, ou a transformação do carácter só pode ser compreendido pela pessoa que o experimenta. Todo o esforço para o explicar tal experiência a alguém que não passou por essa experiência, é impossivel de compreender. Você pode experimentar! (leia João 3:5-8.). Amém!
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