11 de janeiro de 2012

É o Deus do Alcorão o mesmo Deus da Bíblia?

A diferença entre o ensino do Alcorão e da Bíblia não se limita à doutrina da salvação, mas inclui a própria compreensão de Deus. Na verdade, todas as crenças e práticas distintas do Islão e do Cristianismo, derivam de seus respectivos entendimentos a respeito de Deus. Notamos que o papa está tentando construir uma nova parceria com os muçulmanos afirmando que eles adoram o mesmo Deus de Abraão adorado pelos católicos.
Na minha leitura, descobri que esta visão é abraçada por inúmeros líderes e estudiosos de diferentes credos. Por exemplo, os secretários do episcopado europeu reuniram-se em Istambul, na Turquia, durante cinco dias em junho de 2002 para discutirem a relação entre o Islão e o cristianismo. A suposição é que, reconhecendo a Deus, o Deus retratado no Corão, como sendo essencialmente o mesmo que Elohim / Yaweth, o Deus revelado na Bíblia, é possível desenvolver uma relação de compreensão e aceitação mútua entre o Islão e o cristianismo.
Está esta suposição correta? Uma comparação cuidadosa entre o Deus do Alcorão e o Deus da Bíblia, mostra claramente que os dois deuses são radicalmente diferentes. Apesar do nome árabe Allah
derivar do nome hebraico para Deus Eloha, a semelhança é apenas etimológica, e não teológica. Por outras palavras, os dois nomes soam parecidos, mas os seus respectivos ensinamentos são totalmente diferentes. Para ilustrar este ponto, vamos olhar para alguns ensinamentos importantes.
O nosso objetivo é mostrar que a tentativa do Papa e de outros líderes da Igreja Cristã de construirem uma parceria com os muçulmanos, reconhecendo o seu Deus e Alá como sendo essencialmente o mesmo Deus da revelação bíblica, deturpa por completo o Deus bíblico. A razão é que os dois deuses diferem radicalmente no que eles têm revelado sobre si e os seus atos criativos e redentores para a família humana.
De uma perspectiva profética esta nova parceria entre o papado e o Islão, representa a consequência histórica do poder do Anticristo. Nós mostramos no tema anterior, que esse poder está empenhado em promover a falsa adoração a Deus e perseguir o povo de Deus. Veremos que tanto o Papado como o Islão cumprem as marcas de identificação profética do Anticristo.
A compreensão de Deus
Muçulmanos e cristãos acreditam que há um só Deus, mas a forma como conceituam a Deus nas suas respectivas teologias é radicalmente diferente. Por exemplo, enquanto o Deus da Bíblia é um ser encarnado, que entrou no tempo humano e na carne humana para redenção, para ser o Emanuel, Deus connosco, o Deus do Alcorão não poderia encarnar. Ele é distante, inescrutável, totalmente inacessível ao conhecimento humano. Embora os seres humanos sejam as suas criaturas, nenhum relacionamento interpessoal é possível com Alá.
A diferença entre a visão unitária do Deus do Alcorão (“Há um só Deus, Alá, e Maomé, o seu profeta”), e a visão trinitária do Deus bíblico (composto pelo Pai, Filho e Espírito Santo), não difere apenas em número, mas em natureza e caráter. O Deus da Bíblia é um ser trino, porque Ele é amor. O amor não pode ser exercido de forma isolada. Você não pode ser todo-amoroso e estar sozinho ao mesmo tempo. O amor manifesta-se nos relacionamentos. Agostinho expressou esta verdade com eloquência, quando ele disse: ”Ubi amor, ibi Trinitas – Onde há amor, há uma trindade.” Com isso ele queria dizer, que onde há amor, há um amante, um amado, e um espírito de amor.
Para os muçulmanos o ensino bíblico de que Cristo é o Filho de Deus é uma blasfémia. ”Blasfemam aqueles que dizem: Deus é um de três numa Trindade, pois não há Deus, exceto Um Deus” (Surata 5:76)”(Surata 5:76). O ensino do Islão da Unidade absoluta de Deus provém da sua crença de que Deus está “muito acima” e além de qualquer relacionamento íntimo. Ele vive em solitária indiferença. Tal ensino deriva de seitas gnósticas que existiram na Arábia Saudita na época de Maomé. Em contraste, o Deus da Bíblia é composto de três seres que vivem em comunhão eterna. Ele é tanto transcendente como imanente, para além e dentro de Sua criação.
O Deus da Bíblia não se contentou em abençoar a Sua criação de fora dela. Ele se humilhou ao ponto de tornar-se parte da sua natureza criada através da encarnação do Seu Filho Jesus Cristo. Ao tornar-se parte de sua natureza criada, Deus santificou a humanidade. A Filiação de Jesus na Bíblia, é um testemunho do amor divino, um amor que transcende a compreensão humana.
É a partir dessa perspectiva que nós, como cristãos, podemos ajudar os nossos amigos muçulmanos a entenderem a singularidade do Deus trino da Bíblia. Ao invés de desperdiçar tempo para provar a Trindade, um mistério sublime que transcende qualquer explicação humana, podemos afirmar que o Deus bíblico não vive na indiferença solitária, mas numa comunhão de três seres, porque Ele é amor. Precisamos explicar aos nossos amigos muçulmanos que os três seres da divindade são de fato um Deus, porque compartilham o mesmo centro de consciência - Um mistério além da compreensão humana.
Método de Revelação
Outra diferença significativa entre o Deus da Bíblia e o do Corão, é o método de revelação. No Alcorão, Deus falou por meio de um livro. Na Bíblia, Deus se revelou supremamente através de uma Pessoa, Jesus Cristo. No Islão, a grande maravilha de Deus pode ser encontrada na versão árabe do Corão. No cristianismo, o grande milagre é encontrado na Pessoa de Jesus Cristo. Sendo um Deus pessoal, o Deus cristão pode se revelar mais plenamente através de uma pessoa, do que através de um livro.
A diferença radical entre o Deus da Bíblia e o Deus do Corão, torna-se ainda mais evidente quando comparamos os seus ensinamentos nas respectivas áreas, como pecado, salvação, Jesus, inferno, paraíso, evangelismo e feminilidade. Por razões de brevidade, vamos olhar apenas para os dois últimos.
Método de Evangelismo
No boletim nº. 85, observamos que o Deus do Alcorão explicitamente ordena matar os pagãos, judeus e cristãos que não abraçam o Islão. “Quando os meses sagrados houverem transcorrido, lutem e matem os pagãos, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam, que observem a oração e paguem o zakat (esmola), e abra-se o caminho a eles. Sabei que Alá é Indulgente, Misericordiosíssimo” (Surata 9:5).
Tal método coercivo de evangelismo está em contraste com os ensinamentos do Deus bíblico para conquistar os homens para o Seu Reino, anunciando-lhes a Boa Nova da Sua graça salvadora através do sacrifício expiatório de Cristo.
Aparentemente, o Papa não tem nenhum problema em aceitar os ensinamentos de Alá sobre o extermínio dos infiéis, porque, historicamente, a Igreja Católica tem ensinado e feito a mesma coisa.
Tomás de Aquino, que é justamente considerado como o mais influente teólogo católico que já existiu, afirmou claramente na sua Summa Theologica que os hereges não devem ser tolerados, mas exterminados. Ele escreveu: “Com relação aos hereges dois pontos devem ser observados: um, em seu próprio lado, o outro, do lado da igreja. Pelo seu lado, há o pecado pelo qual eles merecem não apenas ser separados da igreja pela excomunhão, como também afastados do mundo pela morte. Pois é uma questão muito mais grave corromper a fé que vivifica a alma, do que forjar o dinheiro, que sustenta a vida temporal. Portanto, se o falsificador de dinheiro e outros malfeitores são imediatamente condenados à morte pela autoridade secular, muito mais razão há para os hereges, assim que forem condenados por heresia, a serem não apenas excomungados mas também condenados à morte”(Tomás de Aquino, Summa Theologica, Questão 11, artigo 3 º).
Este histórico ensinamento católico, que se “os hereges” não se retratarem, devem ser não apenas
excomungados, mas também exterminados, soa muito parecido com os ensinos do Corão. Tal ensino comum, explica por que a Igreja Católica tem historicamente usado as Guerras Santas (cruzadas) para exterminar muçulmanos “infiéis” e cristãos “hereges”. O fato de que a Igreja Católica tem historicamente adotado e usado a Jihad islâmica, as Guerras Santas, para exterminar os dissidentes, nos ajuda a entender por que o papa acha o Deus do Alcorão semelhante ao Deus intolerante adorado pelos católicos. Tais deuses, entretanto, estão a anos-luz de distância do Deus da revelação bíblica.
O Alcorão e a Bíblia sobre Feminilidade
A superioridade infinita do Deus bíblico sobre o do Corão, é mais evidente no ensino sobre o estatuto das mulheres, especialmente no que se refere ao casamento, divórcio e mundo por vir .. Uma breve comparação entre os dois pode ser instrutiva. Ela nos ajudará a ver que, apesar do que diz o Papa, o Deus bíblico não pode ser legitimamente comparado com Alá.
O Deus da Bíblia criou a mulher do homem para ser sua contraparte (Gn 2:18), correspondendo-lhe mentalmente, fisicamente e espiritualmente, fazendo dele uma pessoa maior do que ele seria estando sozinho. O mesmo é verdade para o homem. Ele traz para a esposa uma perspectiva que amplia sua vida, fazendo dela uma pessoa mais completa do que ela poderia ser sem ele. Assim, “no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher” (1 Coríntios 11:11).
A Bíblia consistentemente ensina que o casamento é um pacto sagrado e permanente que o próprio Deus testemunha e protege. Por esta razão, o matrimônio é efetivamente usado no Antigo Testamento para retratar a relação de Deus com Israel, e no Novo Testamento para representar a relação de Cristo com Sua igreja.
A alta estima que o Deus bíblico coloca sobre o papel da mulher no lar e na igreja, é estranha ao Corão. De acordo com Alá, as mulheres existem principalmente para a satisfação sexual dos homens. Para garantir esse objetivo, o Corão permite que um muçulmano comum se case com quatro mulheres, embora os muçulmanos ricos possam preencher seus haréns, na medida de sua riqueza e luxúria. Esta prática tem sido incentivada pelo exemplo do próprio Maomé, que não seguia as limitações do Alcorão de quatro esposas.
Após a morte de sua primeira esposa, Khadija, casou-se com nove esposas. Uma delas, Aiysha, tinha apenas nove anos de idade. Ela era filha de Abu Bakr As Siddiq, amigo próximo do profeta. Maomé tinha 53 anos quando ele insistiu em se casar com Aiysha, uma criança de nove anos de idade, imatura, e, obviamente, ignorante da vida de casado. Ele também deu a sua filha de 12 anos de idade, Fátima, em casamento a seu primo Ali Taleb bin Abu. Estes atos criminosos de abuso de crianças por si só são suficientes para desacreditar a afirmação de Maomé ser o maior profeta enviado por Deus, maior até que o próprio Jesus Cristo.
Espanta-me como os muçulmanos podem aceitar Maomé como um grande profeta, apesar do fato dele ter tido relações sexuais com uma criança de nove anos de idade. Se o Deus do Alcorão autoriza o abuso de crianças para gratificação sexual, então ele deve ser exposto como um Deus criminoso, ao invés de ser adorado como um ser sagrado. Talvez o Papa não se preocupe com a má conduta sexual do Profeta, porque a Igreja Católica tem tido sua quota de escândalos sexuais, não só no passado, quando alguns papas tinham amantes mulheres e filhos, mas ainda hoje, quando os padres católicos estão sendo processados em muitos países por abusar sexualmente de menores.
O fato de que o Deus do Alcorão permite que pessoas especiais como Maomé façam coisas proibidas com os outros, levanta sérias dúvidas sobre seu caráter moral e coerência.
Maomé afirma que Deus lhe deu permissão de se casar com qualquer mulher que ele imaginasse. Aqui está o texto em causa do Corão:
“Ó Profeta, em verdade, tornamos lícitas, para ti as esposas que tenhas dotado, assim como as que a tua mão direita possui (cativas), que Deus tenha feito cair em tuas mãos, as filhas de teus tios e tias paternas, as filhas de teus tios e tias maternas, que migraram contigo, bem como toda a mulher fiel que se dedicar ao Profeta, por gosto, e uma vez que o Profeta queira desposá-la; este é um privilégio exclusivo teu, vedado aos demais fiéis ”(Surah, The Confederates, vs. 49 ff.).
A disposição especial concedida pelo Alcorão a um homem como Maomé para ter qualquer mulher como esposa, mesmo aquelas que são capturadas na guerra, sem qualquer consideração a vontade das mulheres, mostra claramente que Alá trata as mulheres como cordeiros para serem levados ao abate pelos caprichos dos homens. Depois que um homem tenha obtido tudo o que ele deseja de uma mulher, ele está livre para mantê-la ou demiti-la sem medo de injustiças. Isto é claramente ensinado na mesma Surata: “Podes abandonar, dentre elas, as que desejares e tomar as que te agradarem; e se desejares tomar de novo a qualquer delas que tiveres abandonado, não terás culpa alguma” (Surah, The Confederates, v. 50).
É evidente que Alá não tem respeito pelas emoções e direitos de uma mulher. Ele trata as mulheres como objetos descartáveis. Em contraste, o Deus da Bíblia ensina que “devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos”(Efésios 5:28). “A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher” (1 Coríntios 7:4). Esta igualdade mútua e complementaridade ensinadas pelo Deus da Bíblia, é estranha para o Deus do Alcorão.
A poligamia e o concubinato servil ensinados pelo Corão, destróem a dignidade da mulher, a beleza do lar, além de desacreditar a moralidade do caráter de Alá.
As mulheres na vida após a morte
Um exemplo mais convincente da diferença gritante entre o Deus bíblico e o deus do Alcorão, encontra-se nos ensinamentos do Corão sobre o papel das mulheres na vida após a morte. Isso veio a mim como um choque quando li no Alcorão e no Hadith – tradicionais ensinamentos de Maomé - que na vida após a morte, a maioria das mulheres são remetidas ao fogo do inferno para sofrer eternamente. Apenas algumas donzelas castas, conhecidas como hur, viverão no jardim do Paraíso, a fim de proporcionar prazer sexual para os muçulmanos fiéis.
O ensinamento de que a maioria das mulheres estarão fadadas ao fogo do inferno, é dito ter vindo de uma visão do profeta Maomé. Esta visão é relatada em várias tradições (hadith). Segundo uma tradição, o Profeta relatou: “Eu também vi o Inferno de fogo, e nunca tive uma visão tão horrível. Vi que a maioria dos habitantes dele eram mulheres.” O povo perguntou: “Oh, mensageiro de Allá! Por que isso?” O Profeta disse: “Por causa da ingratidão delas.” Foi perguntado se elas são ingratas a Allá. O Profeta disse: “Não, mas são ingratas a seus companheiros [maridos] e ingratas à caridade que seus maridos mostraram a elas” (Ahmad ibn Hanbal, Musnad, Cairo, 1895, vol. 1, p. 359).
A mesma visão é relatada com pequenas variações em outras tradições (hadith), que falam também do pecado da quebra de confiança. Francamente, acho lamentável que o Deus do Alcorão condene a maioria das mulheres ao fogo do inferno, porque supostamente todas sejam ingratas e indignas de confiança. Este ensinamento é um insulto não só para as mulheres em geral, mas especialmente às devotas mulheres muçulmanas.
Uma visita a qualquer igreja cristã mostra que as mulheres superam os homens na freqüência à igreja e piedade religiosa. É difícil acreditar que as mulheres muçulmanas são menos religiosas e confiáveis do que sua contraparte cristã e, conseqüentemente, mereçam ser reservadas para o fogo do inferno. O problema não é as mulheres muçulmanas, mas o ensino do Corão que trata as mulheres
como mentalmente e moralmente deficientes. A baixa auto-estima das mulheres é especialmente evidente em sua ausência no serviço de adoração da mesquita na maioria dos países muçulmanos.
Donzelas castas para deliciar os muçulmanos de fé no paraíso
Enquanto a maioria das mulheres são remetidas ao fogo do Inferno, algumas donzelas castas, conhecidas como hur, viverão no jardim do Paraíso, para deleite dos fiéis muçulmanos. O Alcorão refere-se quatro vezes a essas moças castas, que nenhum homem jamais tocou (Surata 52:20, 56:22, 55:72, 44:54). Elas são descritas no Corão como castas, com olhos como pérolas, lindas, virginais, e da mesma idade dos crentes do sexo masculino (cerca de 30 anos) para quem elas servem como uma recompensa.
Em seu livro A Compreensão Islâmica da Morte e Ressurreição, Jane Idleman Smith e Yvonne Yazbeck Haddad oferecem um resumo útil dos ensinamentos tradicionais sobre as donzelas castas do Paraíso: ”Nos hadiths [tradições] os detalhes da descrição delas difere, mas geralmente é dito que elas são compostas de açafrão desde os pés até os joelhos, de almíscar dos joelhos ao peito, de âmbar do peito até o pescoço, e de cânfora do pescoço até a cabeça. Trabalhando muitas vezes com múltiplos de sete, os tradicionalistas as têm descrito como vestindo setenta a 70.000 vestidos, através dos quais até a medula dos ossos pode ser vista por causa da delicadeza da sua carne, deitadas em setenta sofás de jacinto vermelho incrustados com rubis e jóias, e afins. As hurs [castas donzelas] não dormem, não engravidam, não menstruam, gospem ou assoam o nariz, e nunca adoecem. Referências aos grandes benefícios sexuais daqueles crentes do sexo masculino para cujo prazer as hurs [castas donzelas] se destinam, são numerosos; os relatos deixam claro que as hurs foram criadas especificamente como uma recompensa para os homens da comunidade muçulmana que foram fiéis a Deus. “(Jane Idleman Smith e Yvonne Yazbeck Haddad, A Compreensão Islâmica da Morte e Ressurreição, State University of New York Press, 1981), p. 164).
O elemento sensual que contamina até mesmo a visão corânica do Paraíso, mostra a enorme diferença que existe entre a obsessão sexual de Alá e a santidade e pureza que caracteriza Jeová.
A comparação anterior entre o ensino do Corão e da Bíblia, são suficientes para mostrar que a tentativa do papa de igualar o Deus da revelação bíblica com o do Alcorão, pode ser politicamente correta, mas é biblicamente errada. Os dois deuses diferem como o dia da noite em sua natureza, caráter, e plano para a vida humana e seu destino. O Deus bíblico oferece a salvação como um dom da graça, o Deus do Alcorão ensina que a salvação é uma conquista humana.
Em função das diferenças radicais que temos encontrado entre o Deus bíblico e o deus do Alcorão, uma pergunta: Como pode o Papa trabalhar para uma nova parceria com os muçulmanos, elogiando a sua fé como sendo a mesma fé de Abraão? Será que o Papa se sente atraído ao Islã mais do que a qualquer outra religião não-cristã, pois há semelhanças significativas entre o Islã e o catolicismo? Para testar a validade desta hipótese, vamos dar uma breve olhada em algumas semelhanças significativas entre as duas religiões.
Forma de Governo autocrático da Igreja
Em primeiro lugar, tanto o Islão como o Catolicismo, tem uma similar forma de governo autocrático da igreja, onde a sede da autoridade reside em uma pessoa: o Papa no catolicismo e Maomé no Islão. O que o papa é para os católicos, Maomé é para os muçulmanos. Ambos são aceites como representantes de Deus na terra. O Papa afirma ser o vigário de Cristo e Maomé proclama ser o maior profeta de Alá, substituindo o próprio Cristo. O que isto significa é que tanto os católicos como os muçulmanos compartilham da mesma admiração e veneração por um líder humano que dita as suas crenças e práticas.
Importância das boas obras para merecer a salvação
A segunda semelhança impressionante entre o Islão e o catolicismo é a sua compreensão da respectiva importância das boas obras para merecer a salvação. Tanto no catolicismo como no islamismo a salvação é o resultado de uma combinação de graça e obras. No catolicismo, a graça de Deus é infundida nos crentes para que possam fazer as boas obras necessárias para merecerem a salvação no dia do julgamento.
Uma doutrina semelhante do Islão a salvação é uma combinação da graça de Alá e obras muçulmanas. No Dia do Juízo, se as boas obras de um muçulmano superarem as más, e se Alá aceitar as suas boas obras, então eles podem ser perdoados de todos os seus pecados e entrarem no Paraíso. Portanto, o Islamismo é uma religião de salvação pelas obras, porque combina as obras do homem com a graça de Alá.
Poucos versos do Alcorão são suficientes para exemplificar a importância das obras: ”Para aqueles que crêem e praticam atos de justiça, Deus prometeu perdão e uma grande recompensa” (Surata 5:9). ”Então, aqueles cujo saldo (de boas ações) são pesados, serão bem sucedidos. Mas aqueles cujas ações forem leves serão aqueles que perderam suas almas; e no inferno habitarão”(Surata 23:102-103).
A compreensão muçulmana das boas obras é amplamente determinada pelo desempenho dos Cinco Pilares do Islã. São eles: (1) a recitação do credo de que não há outra divindade além de Alá e que Maomé é o seu profeta; (2) orar cinco vezes ao dia; (3) Jejuarem e absterem-se de relações sexuais durante as horas do dia do mês de Ramadan; (4) dar esmola aos pobres; (5) Peregrinação a Meca,
se possível, pelo menos uma vez na vida.
Definição Similar de Boas Obras
Os entendimento dos católicos romanos das boas obras é muito semelhante. Tal como os muçulmanos, os católicos repetem o Credo dos Apóstolos em seu serviço da igreja. A recitação da oração é também uma parte importante da religiosidade católica.
Lembro-me vividamente de meus parentes Católicos a recitar as suas orações à noite. Eles seguravam um rosário nas mãos para contar o número de Avés Maria e Pai Nossos que tinham recitado. O jejum também é recomendado aos católicos, especialmente como forma de penitência para expiar os pecados confessados a um padre. A esmola é também um aspecto importante da religiosidade católica. As esmolas normalmente são dadas na forma de contribuições de caridade a várias organizações religiosas (monásticas) que ministram aos órfãos e aos pobres.
Tal como os muçulmanos, os católicos também são incentivados a fazer uma peregrinação à Roma, especialmente durante o Santo Anno, que é o Ano Santo, que agora é comemorado a cada 25 anos. Durante o Grande Jubileu do Ano de 2000, estima-se que mais de 40 milhões de católicos fizeram sua peregrinação a Roma, buscando a remissão dos seus pecados, e indulgências para os seus entes queridos no purgatório. Uma indulgência é a remissão da pena temporal pelos pecados em nome de seus entes queridos, que pode ser obtida através de orações, peregrinações e missas especiais. Isso pode encurtar no entendimento deles a duração do castigo vivido pelos entes queridos no purgatório.
É evidente que os meios de salvação no islamismo e no catolicismo romano são muito similares. Infelizmente, ambos os sistemas religiosos ignoram que a salvação é um dom da graça divina (Ef 2:8) e não uma conquista humana. Obras de obediência não são a base da nossa salvação, mas uma resposta de amor para a provisão graciosa da salvação. É porque “o amor de Cristo nos constrange” (2 Cor. 5:14), que observamos os Seus mandamentos (João 14:15).
Intercessores humanos
A terceira notável semelhança entre o catolicismo e o islamismo é a função de intercessão dos agentes humanos. No catolicismo, os crentes oram a Maria e aos santos para intercederem junto a Deus em seu nome ou em nome de seus entes queridos. Observamos anteriormente que o novo Catecismo oficial da Igreja Católica, reconhece que “os muçulmanos veneram Jesus como profeta, e também honram à sua virgem Mãe e às vezes até mesmo a invocam devotamente”.
Para os muçulmanos o papel supremo de intercessor é reservado para Maomé. No último dia de julgamento, o Profeta prostrar-se-á diante de Deus que, segundo a tradição, vai dizer-lhe: “Ó Maomé! levanta a sua cabeça, e fale, serás ouvido e o que pedir, lhe será dado, interceda e a quem o fizeres será aprovado” (A. N. Matthews, Translator, Mishcat-ul-Masabih, The Tibrizi Collection, Calcutta, 1810, vol. 1, p. 607.). O texto continua indicando que Deus vai retirar do fogo do inferno aqueles por quem Maomé interceder.
A noção de mediadores humanos intercedendo junto a Deus em nome de outros, é estranha às Escrituras. A Bíblia ensina que “Há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Tm 2:5). Somente Jesus Cristo, quem morreu, e ressurgiu dentre os mortos, interecede por nós (Romanos 8:34).
Imortalidade da Alma
A quarta semelhança notável entre o Catolicismo e o Islão, é a crença na sobrevivência da alma separada do corpo no momento da morte. No meu livro Imortalidade ou Ressurreição? Eu tenho mostrado que uma série de heresias derivam ou são em grande parte dependentes da crença de que a alma é imortal por natureza, e sobrevive ao corpo no momento da morte.
Por exemplo, a crença no papel de intercessão de Maomé, Maria e dos santos mencionados acima, derivam da crença de que na morte as almas dos fiéis ascendem à bem-aventurança do Paraíso, conhecido como “O Jardim” no Corão. Da mesma forma as crenças de que na morte as almas daqueles cujos pecados são perdoáveis vão para o purgatório, enquanto que as almas dos pecadores impenitentes são lançadas no fogo eterno do inferno, são baseadas na crença da imortalidade da alma. Tanto o catolicismo como o islamismo sustentam a crença no purgatório e no inferno.
É engraçado ler alguns dos manuais Islâmicos descrevendo o processo de extração da alma do corpo. Por exemplo, Al-Ghazali, em al-Durra al-fakhira oferece esta colorida descrição: ”E quando alguém se aproxima do destino, ou seja, de sua morte terrena, então quatro anjos descem para ele; o anjo que puxa a alma de seu pé direito, o anjo que a puxa do pé esquerdo, o anjo que a puxa de sua mão direita, e o anjo que a puxa de sua mão esquerda…Então ele fica em silêncio para que a sua língua esteja ligada, enquanto puxam a alma das pontas dos seus dedos. A boa alma desliza para fora como um jato de água, mas o espírito libertino guincha para fora como um espeto de lã molhada.” (Cited by Jane Idleman Smith and Yvonne Yazbeck Haddad (n. 14), p. 37).
Quando a alma é extraída do corpo, os anjos a levam para um dos três lugares: Paraíso (O Jardim), o Purgatório, ou o inferno, dependendo do julgamento de Deus sobre o indivíduo. Como discutimos anteriormente os prazeres dos Jardins concedidos para os muçulmanos fiéis, vamos limitar nossos comentários para o Purgatório e o Inferno.
Purgatório e Inferno
As duas doutrinas do purgatório e do inferno são muito semelhantes tanto no catolicismo como no islamismo. Ambas as religiões acreditam que as almas dos pecadores penitentes precisam passar por um processo de purgação ou purificação antes de serem admitidas no Paraíso. Nos ensinamentos católicos o sofrimento do purgatório é necessário para pagar a pena temporal dos pecados cometidos na terra. No Islão, os sofrimentos são infligidos como castigo pelos pecados de omissão.
Jane Smith e Yvonne Haddad, explicam que nos ensinamentos islâmicos, o sofrimento do purgatório é necessário, porque ”Apesar de tudo o que o crente piedoso possa ter feito de acordo com os mandamentos de Deus na Terra, ele ainda pode ter cometido alguns delitos, ainda que ligeiros, ou deixado de fazer certas coisas que ele deveria ter feito. Muitas das tradições sugerem punição unicamente para o pecado da omissão. “Por que vocês estão me punindo quando eu fazia as orações e pagava a esmola e jejuava no Ramadã assim e assim? “ O anjo respondeu: ‘Eu estou punindo você porque um dia você passou por uma pessoa oprimida, que estava pedindo a sua ajuda, mas você não a ajudou. Um dia você orou, mas você não se limpou depois de urinar. ‘”(Ibid., p 48). Este último pecado, refere-se à exigência do Corão para lavar os órgãos genitais antes da oração – uma prática comum no mundo muçulmano até hoje.
A noção de que os crentes sofrem no purgatório para pagar o castigo dos seus pecados antes de serem admitidos no Paraíso, nega toda a suficiência do sacrifício vicário de Cristo para pagar a penalidade dos nossos pecados. A Escritura ensina claramente que Cristo “apareceu uma vez por todas no fim dos tempos para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9:26; cf 1 Cor 15,3). A Boa Nova do Evangelho é que “quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Romanos 5:8). Não há nenhuma necessidade para os pecadores arrependidos sofrerem o castigo dos seus pecados nesta vida ou na próxima, porque o sacrifício expiatório de Cristo pagou a penalidade dos nossos pecados.
A visão islâmica do Inferno é muito semelhante à Católica. De fato, alguns autores sugerem que as sete histórias do Inferno de Dante Alighieri, foram inspiradas no inferno islâmico com sete histórias, cada qual para uma classe distinta de ímpios.
Em sua tese sobre os Ensinos Escatológicos do Islã, Wadie Farag escreve: ”Dificilmente uma cruél ou mais bárbara imagem do inferno poderia ser concebida do que a descrita no Corão e no Hadith. O fogo do inferno é setenta vezes mais intenso que o fogo terrestre. Os ímpios que sofrerão por toda a eternidade, se esquecerão de que um dia desfrutaram de qualquer prazer na terra. Suas línguas saltarão para fora e os homens pisarão sobre eles. Eles sofrerão de fome e quando receberem comida ela parará em suas gargantas. “água quente é servida a eles, com ganchos de ferro, e quando ela chega perto de seus rostos, eles se queimam e quando ela entra em suas barrigas rasgará cada coisa lá em pedaços” (Wadie Farag, “Eschatological Teachings of Islam,” A Thesis Presented to the Faculty of the Seventh-day Adventist Theological Seminary, Andrews University, 1949, pp. 74-75).
“Escorpiões tão grandes como mulas, e cobras os atormentará, rios fedorentos cheios de criaturas vis os enredará, os condenados têm peles negras carbonizadas, enormes línguas compridas, bocas vômitando pus e sangue, entranhas cheias de fogo; seus corpos serão grandemente alargados para que possam mais adequadamente experimentar a tortura. Todos sofrem pelo fogo, embora o grau de punição difere de acordo com o pecado. Os condenados tentam fugir, mas toda vez os guardiões do Fogo os capturam e os lançam novamente lá” (Jane Idleman Smith and Yvonne Yazbeck Haddad, p. 87).
A horríveis e bárbaras descrições do inferno, que são comuns tanto ao Islã como ao catolicismo, pode servir à causa da promoção do culto de seu terrível Deus - um Deus a ser temido em vez de amado. Isso difama o Deus bíblico, que em Sua misericórdia aniquilará os malfeitores na Sua vinda (2 Ts 1:09; 5:2-3; Gl 6:8).
Conclusão
A comparação anterior de algumas das crenças compartilhadas em comum pelo catolicismo e o islamismo, tem nos ajudado a entender por que o Papa está trabalhando em direção a uma nova parceria com os muçulmanos, reconhecendo a semelhança entre suas respectivas crenças. Vimos que a base para essa parceria não é apenas uma visão genérica de Deus, mas uma forma semelhante de governo autocrático da Igreja, bem como crenças semelhantes em áreas como o papel das boas obras na salvação, o papel da intercessão de agentes humanos, a imortalidade da alma, os métodos coercitivos de evangelismo, e a visão do purgatório e do inferno.
A uniformização de certas crenças e práticas entre o catolicismo e o islamismo, incentivou-nos agora no boletim anterior a explorar o papel profético passado e futuro destes dois poderes. Uma compreensão básica dos dois sistemas religiosos é essencial para compreender a característica profética do Islã e do Papado como duas manifestações do anticristo.
Sugerimos, no início deste boletim que se Obama facilitar o crescimento da presença e poder dos muçulmanos na América, como Bush fez para o catolicismo, então podemos ver como a besta semelhante a um cordeiro do Apocalipse 13, que a nossa Igreja Adventista tem identificado como a América, será habilitada tanto pelo Papado como pelo Islã a se opor ao verdadeiro povo de Deus.
O tempo vai logo dizer se a nossa sugestão é baseada em um entendimento correto do papel profético que o catolicismo e o islamismo desempenharão no confronto final sobre a adoração.
Estudo de autoria de Samuele Bacchiocchi, publicado no site Biblical Perspectives. Crédito da tradução: Blog Sétimo Dia http://setimodia.wordpress.com

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