27 de janeiro de 2012

PERCURSO PRFÉTICO DE BABILÓNIA AO TRIBUNAL DIVINO

Daniel capítulo 7 contém uma impressionante profecia relativa à História do mundo e será de inestimável valor entendê-la melhor. Uma análise cuidadosa do sonho do rei Nabucodonosor registado em Daniel 2 seria de grande auxílio no exame dessa profecia, visto ser Daniel 7 uma ampliação daquele capítulo, tratando basicamente do mesmo período histórico, porém com uma abundância maior de informações. Por isso, aconselhamos o leitor a consultar a primeira lição desta série para um melhor aproveitamento do presente estudo.

Como ponto de partida em nossa análise, vejamos a sequência dos poderios mundiais apresentada em Daniel 2:

Tendo isso em mente, deixemos que Daniel dê início à sua narrativa e, à medida em que for apresentando detalhes importantes, tentemos, juntos, localizar os fatos históricos indicados: "No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel um sonho, e visões ante seus olhos, quando estava no seu leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as coisas." Daniel 7:1. Observe, prezado leitor, que Daniel recebeu essa revelação no reinado do último dos governantes da Caldéia, Belsazar, que era co-regente do Império com seu pai, Nabonido. Isso faz da profecia algo realmente extraordinário, pois ela já descrevia com séculos de antecedência toda a História Mundial.

"Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o Grande Mar. Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar." Daniel 7:2 e 3. Para alcançarmos o devido entendimento desses misteriosos símbolos, seria interessante recorrermos a outras porções do Livro Sagrado. Leiamos o seguinte trecho do livro de Jeremias: "Trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro ângulos do céu, e os espalharei na direção de todos estes ventos; e não haverá país aonde não venham os fugitivos de Elão. Farei tremer a Elão diante de seus inimigos e diante dos que procuram a sua morte; farei vir sobre os elamitas o mal, o brasume da Minha ira, diz o Senhor; e enviarei após eles a espada, até que venha a consumi-los." Jeremias 49:36 e 37. Não nos interessa, por agora, conhecer maiores detalhes sobre Elão. O que se deve notar é a aplicação feita pelo profeta em relação aos quatro ventos. Do texto transcrito, infere-se que ventos representam guerras, comoções políticas, desordens entre as nações. Mas, e quanto ao Grande Mar? Qual o seu significado? A referência aqui não é ao Mar Mediterrâneo, visto se tratar de uma profecia altamente simbólica. Uma interpretação autorizada desse símbolo pode ser encontrada em Apocalipse 17:15: "Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas." Por essa citação, fica evidente que as águas são empregadas na Bíblia como um símbolo das nações. Mas, e o que dizer dos quatro animais? São de fácil interpretação, pois um anjo explicou o sentido desse símbolo para o próprio Daniel: "Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra." Daniel 7:17. Note, contudo, caro leitor, que não são apenas reis, mas sim reinos, pois em Daniel 7:23 encontramos o seguinte: "Então ele disse: O quarto animal será um quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços." Ora, se o quarto animal será um quarto reino na terra, logicamente, o terceiro animal será um terceiro reino na terra; o segundo animal, um segundo reino; e o primeiro animal, um primeiro reino. Em suma, em textos proféticos, animais representam reinos, países, poderios. Após essa análise, você já está apto para decodificar o restante do capítulo. Ele está tratando de quatro grandes impérios que haveriam de emergir dentre os povos quando esses lutassem entre si.
PRIMEIRO ANIMAL - BABILÓNIA.
"O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, foi levantado da terra, e posto em dois pés como homem; e lhe foi dada mente de homem." Daniel 7:4.
Esse primeiro animal equivale à cabeça de ouro da imagem de Daniel 2 e representa, logicamente, o Império Babilónico. O profeta Jeremias usa a mesma figura de um leão para descrever a investida do Império do Eufrates: "Já um leão subiu da sua ramada, um destruidor das nações; ele já partiu, já deixou o seu lugar para fazer da tua terra uma desolação, a fim de que as tuas cidades sejam destruídas, e ninguém as habite." Jeremias 4:7. As asas parecem indicar a velocidade das conquistas babilónicas: "Eis aí que sobe o destruidor como nuvens; os seus carros como tempestade; os seus cavalos são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! Estamos arruinados!" Jeremias 4:13. "Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha pela largura da terra, para apoderar-se de moradas não suas. Ela é pavorosa e terrível, cria ela mesma o seu direito e a sua dignidade. Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, mais ferozes do que os lobos ao anoitecer são os seus cavaleiros que se espalham por toda terra; sim, os seus cavaleiros chegam de longe, voam como águia que se precipita a devorar." Habacuque 1:6-8. Quanto ao significado preciso do arrancar das asas, do ser levantado da terra, do ser posto sobre dois pés e do ser-lhe dada mente de homem, há bastante discussão entre os expositores. Não há certeza sobre o assunto, mas a menção de ser o animal
posto como homem e de lhe ser dada mente humana parece encontrar eco noutras declarações de Daniel e Apocalipse. O pano de fundo desses dois livros proféticos é a rebelião do homem contra Seu Criador e sua tentativa de gerenciar a História. Ver exemplo disso em Daniel 4. Voltando ao Império Babilónico, é bom destacar que ele foi um poderosíssimo reino que dominou toda a Mesopotâmia, bem como a Síria, a Fenícia e o reino de Judá. Foi próspero durante o governo de Nabucodonosor, mas declinou sob o comando dos seus sucessores até cair nas mãos de Ciro, em 539 A.C..

SEGUNDO ANIMAL - PÉRSIA.
"Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita carne. “Daniel 7:5.

O segundo animal equivale aos peitos e braços de prata da imagem de Daniel 2 e representa o poder que sucedeu a Babilónia, a saber, a Medo-Pérsia. O trecho a seguir revela a maneira pela qual as especificações proféticas desses símbolos foram cumpridas: Ciro pertencia ao clã dos Aqueménidas, fundadores da cidade de Pasárgada, tornada capital do Reino. Em seu governo, as tribos persas foram unificadas e Ecbátana, a capital dos medos, conquistada. Após a conquista da Média, Ciro invadiu a Ásia Menor, onde tomou Sardes, capital do Reino da Lídia, e, ao mesmo tempo, anexou as colónias gregas daquela região. Em 539 A.C., a Babilónia foi conquistada, após a derrota de Nabonide. Com a anexação da Fenícia, da Síria e da Palestina, "Ciro tornou-se o maior soberano do Oriente Próximo: seu Império abrangia desde a Ásia Menor até as fronteiras da Índia, e a hegemonia persa se impôs sobre essa imensa região. Foi sucedido pelo filho Cambises, que, atendendo aos interesses expansionistas da aristocracia dominante, empreendeu a conquista do Egito, derrotando o Faraó Psamético III na batalha de Pelusa, em 525 A.C.". (AQUINO, DENIZE e OSCAR, História das Sociedades – Das Comunidades Primitivas às Sociedades Medievais, págs. 142 e 143). Observe, caro leitor, que o urso trazia em sua boca três costelas, que têm sido interpretadas como uma referência às três primeiras conquistas dos persas: Lídia, Babilónia e Egito. Além disso, consta que o urso se apoiava sobre um de seus lados, indicando com isso a supremacia política dos persas sobre os medos.
TERCEIRO ANIMAL - GRÉCIA.
"Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio." Daniel 7:6.
Esse terceiro animal, semelhante a leopardo, equivale à parte de bronze da estátua do sonho de Nabucodonosor e representa o Império Macedónico. As quatro asas parecem indicar as rápidas conquistas de Alexandre, o Grande. As quatro cabeças representam claramente os quatro reinos que surgiram da fragmentação daquele poderoso Império (Daniel 8:20-22; 11:3 e 4). "A expansão macedónica em direção à Ásia, iniciada na época de Filipe II, prosseguiu com Alexandre. Em 334 A.C., na batalha de Granico, na Ásia Menor, foram derrotados os persas. Conquistadas as cidades gregas do litoral, até então submetidas ao domínio persa, o exército de Alexandre venceu novamente os persas, na batalha de Isso (333 A.C.), dominando a Fenícia e a Palestina. No Egito, Alexandre, proclamado ‘Filho de Amom’ pelos sacerdotes, empreendeu a fundação da cidade de Alexandria, no delta do rio Nilo, que logo se projetaria como centro comercial e cultural. Na batalha de Arbelas ou Gaugamelas (331 A.C.), os persas de Dario III foram derrotados e conquistadas as capitais do Império Aqueménida. As maiores resistências à dominação macedónica foram encontradas na região oriental do Império. Vencendo essas resistências, os macedónios, em 323 A.C. já haviam dominado todo o resto do Império Aqueménida, até a fronteira noroeste da Índia. Após a morte de Alexandre (323 A.C.) começou no vasto Império a disputa pela sucessão. Os mais importantes generais de Alexandre travaram entre si a luta pelo poder, abalando a aparente unificação política do Império, que, afinal, revelou-se frágil. As diferenças étnicas, ligüísticas e culturais, e os interesses das classes dominantes provinciais mostraram-se mais fortes do que a unidade promovida por Alexandre, mergulhando o Império na Anarquia. Após a batalha de Ipso (301 A.C.), os generais estabeleceram a divisão do Império" (AQUINO, DENIZE e OSCAR, op. cit., págs. 217 e 218). Os generais que repartiram entre si o Império Grego, chamados de diádocos, foram os seguintes: Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Seleuco. As divisões criadas por eles eram conhecidas pelo nome de reinos helenísticos e algumas delas existiram, como unidades independentes, até ao tempo da invasão romana.

QUARTO ANIMAL - IMPÉRIO ROMANO.
"Depois disto, eu continuava olhando, em visões noturnas, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres." Daniel 7:7.

Do terceiro animal é dito que foi-lhe dado domínio, o que nos ajuda a estabelecer o paralelismo com os quadris e as coxas de bronze, pois o mesmo nos é informado com respeito a essa parte da estátua (Daniel 2:39). No que tange ao quarto animal, também há uma informação dessa natureza. Note que a quarta parte da imagem era de ferro, elemento que surge novamente no capítulo 7 ao descrever Daniel os dentes do animal terrível e espantoso. A correlação entre os capítulos e a ordem no surgimento dos Impérios não nos permite dúvida: eis aqui um símbolo de Roma Pagã. Ver Daniel 7:23. O Império Romano dominou o cenário político durante seis longos séculos e conseguiu influenciar de tal maneira a vida dos diversos povos que viviam dentro de seus limites, que até hoje se faz referência aos costumes romanos como a base da cultura ocidental.

OS 10 CHIFRES DO QUARTO ANIMAL - EUROPA DIVIDIDA.
Quanto aos chifres que havia sobre o quarto animal, eis a explicação dada pelo anjo ao profeta Daniel: "Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele reino." Daniel 7:24. Ao norte da Europa, existiam certas tribos que almejavam adentrar as fronteiras do Império Romano. Com o enfraquecimento económico do Império, devido à crise do escravismo, essas tribos começaram a migrar para o sul. Em 476 A.D., com a deposição do último imperador romano, esses povos já dominavam o cenário político europeu. Os povos bárbaros que se fixaram no território do extinto Império do Tibre e os nomes pelos quais são conhecidos atualmente estão relacionados a seguir:
O CHIFRE PEQUENO QUE SURGE APÓS OS 10 PRIMEIROS.
"Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência." Daniel 7:8. Dos dez reinos relacionados acima, exatamente três não podem ser localizados atualmente, pois desapareceram pouco tempo depois de seu surgimento: os hérulos (493 A.C.), os vândalos (534 A.C.) e os ostrogodos (538 A.C.). Ver Daniel 7:20 e 24. Nesse ponto, a profecia introduz outro símbolo: a ponta pequena. O poder representado por essa ponta é basicamente o mesmo que será descrito pelo apóstolo João sob a figura de uma besta que emerge do mar (Apocalipse 13:1-10) e sua identificação se reveste de extrema relevância para todo sincero pesquisador das Escrituras." E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder e o seu trono e grande autoridade." (Apoc. 13:2).

Para ajudar o leitor a identificá-lo mais facilmente, enumeramos suas características tais como descritas em Daniel 7:

Para maiores informações acerca da identidade da ponta pequena de Daniel 7, favor consultar a sexta lição desta série de estudos.

O TRIBUNAL DIVINO.
"Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de dias se assentou; Sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça como a pura lã; o Seu trono era chamas de fogo, cujas rodas eram fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dEle; milhares de milhares O serviam, e miríade de miríade estavam diante dEle; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros." "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do homem, e dirigiu-Se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até Ele." Daniel 7:9, 10 e 13. Após descrever a sucessão dos grandes impérios mundiais desde o tempo da Babilónia até os nossos dias, Daniel contempla uma solene cena de julgamento. Precisamente antes de voltar, Jesus (o Filho do homem) comparece perante Seu Pai (o Ancião de dias) para participar do juízo e então receber o reino (Daniel 7:14). Logo depois, Jesus regressará à terra para dar o galardão àqueles que O aceitaram como Salvador e moldaram Suas vidas à luz das santas reivindicações da Lei de Deus. Tal pensamento parece ecoar as sábias palavras do rei Salomão: "De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más." Eclesiastes 12:13 e 14.

Profundas são as lições que podem ser extraídas de um relato tão rico como o de Daniel 7. Essa profecia apresenta Deus como a dirigir a História humana. Embora o pecado e as desgraças que ocorrem no mundo não sejam do agrado divino, Ele os emprega na realização de Seus propósitos, com vistas à salvação dos seres humanos. Que Deus maravilhoso! Que sejam nossas as humildes palavras de Jeremias: "Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos." Jeremias 10:23. E tendo esse reconhecimento no coração, que possamos entregar as nossas vidas nas mãos do Bondoso Salvador. Por que não fazer agora mesmo essa entrega? Que Deus nos abençoe e que todos nós sejamos achados íntegros e irrepreensíveis diante de Deus. Amém!

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